Bancada paraibana só verá culpa em Temer se ele tatuar na testa “Sou ladrão e vacilão”

A bancada federal paraibana, tirando algumas exceções, vive em um mundo desconectado do real. E isso é muito latente quando a análise em questão tem a ver com as chances de o presidente Michel Temer (PMDB) concluir o mandato. Tirando os deputados federais Luiz Couto (PT) e Pedro Cunha Lima (PSDB) e o senador Cássio Cunha Lima (PSDB), todos evitam falar em culpa do presidente. Cássio, entre os críticos, foi além e disse acreditar que, em 15 dias, teremos um novo presidente do Brasil. Mas os três figuram como pontos fora da curva em relação ao gestor. Os outros dizem que vão primeiro analisar as acusações a defesa para tirar suas conclusões.

Para este grupo, composto por outros 12 parlamentares paraibanos (entre senadores e deputados), para ser culpado, o presidente precisaria, no mínimo, escrever na testa “Eu sou ladrão e vacilão”. O Ministério Público Federal (MPF) apresentou uma gravação, feita pelo empresário Joesley Batista, da JBS, pedindo a Temer a indicação de um interlocutor. O presidente indicou o então deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para, segundo ele, tratar de “tudo, tudo”. “Da minha mais inteira confiança”. O parlamentar, depois disso, negociou interferência no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e foi flagrado correndo com uma mala de dinheiro. O MPF diz que o dinheiro era o tutor de Loures, ou seja, Temer.

Se isso não fosse suficientemente grave, o empresário entrou no Palácio do Jaburu, residência oficial do presidente, sem se identificar tarde da noite. Com o presidente, confessou dezenas de crimes, entre eles, a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Mas, pelo visto, isso não é evidência suficiente. O presidente é alvo de um pedido de abertura de processo no Supremo Tribunal Federal (STF). Se a Câmara dos Deputados aprovar com pelo menos dois terços dos votos (342) e o plenário da Suprema Corte referendar o pedido, o gestor será afastado por 180 dias. Durante este período, enquanto réu, ele poderá ser condenado e perder o cargo.

Ataque

Nas contas de Cássio, neo-adversário de Temer, esse momento está próximo. Para o senador Raimundo Lira, que recebeu recentemente o aval do presidente para assumir a liderança do PMDB no Senado, esta é apenas uma opinião do tucano. O deputado federal Hugo Motta (PMDB) segue no mesmo caminho. Diz ser preciso esperar o parecer do relator do pedido na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Sérgio Zveiter (PMDB-RJ). A partir daí, haverá a votação no plenário. Ele acredita que o gestor consegue angariar 172 votos para livrar o pescoço na Câmara dos Deputados. “Estimular a instabilidade é um desserviço ao país”, diz o parlamentar.

O deputado Wilson Santiago (PTB) é outro que tem visto pouco o noticiário em relação à denúncia formulada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ele alega que não recebeu as provas repassadas pela PGR. Citou que o deputado Pedro Cunha Lima, que integra a CCJ e defende o afastamento do presidente, tem mais propriedade para se posicionar. “Como advogado, vou ler item por item para decidir”, ressalta. Diz que a população, quando questionada, alega ser contra Temer, “mas quando se fala em trocar o presidente, metade diz sim e metade diz não”. É preciso saber onde esta consulta está sendo feita. Não vale perguntar ao deputado Carlos Marun (PMDB-RS) e ao senador Romero Jucá (PMDB-RO).

O deputado federal Rômulo Gouveia ouviu o presidente do seu partido, o ministro da Ciência e Tecnologia Gilberto Kassab, falar na semana passada que Temer é o melhor para o Brasil. Apesar disso, o parlamentar enxerga dificuldades para o presidente. Mesmo sem antecipar sua posição, enquanto julgador na Câmara dos Deputados, disse que a sigla discutirá sua posição na próxima terça-feira (18). “Acredito que a manutenção dele será difícil diante desta situação”, ressaltou.

Dos 15 parlamentares paraibanos (12 deputados e três senadores), apenas três já se posicionaram a favor da saída de Temer do poder. A votação para que se decida sobre a abertura do processo contra Temer ocorre na Câmara dos Deputados. Se posicionaram a favor da investigação os deputados Pedro Cunha Lima e Luiz Couto. Hugo Motta e André Amaral, ambos do PMDB, se disseram contra. Em cima do muro, outros oito parlamentares se equilibram sem anunciar qual posição será adotada. Por (Suetoni Souto Maior)

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Notícias do Vale PB

Luiz Neto. Natural da cidade de Mamanguape, ingressou na área da comunicação, como assessor de imprensa, com atuação na administração pública. Em 2016 assumiu o cargo de Diretor de Edição do Portal Notícias do Vale PB. Correspondente político de diversos portais. Em 2017 passou a compor o quadro de Radialistas da região do Vale do Mamanguape, se tornando analista político e atualmente é Âncora de dois Programas radiofônicos, ‘Diário de Notícias’ (Rádio Litoral Norte FM) e 'Capim Sem Censura' (Rádio Capim FM).

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