TCE suspende criação da Guarda Militar Temporária pelo governo
O Tribunal de Contas do Estado (TCE) decidiu cautelarmente pela suspensão dos efeitos da Medida Provisória nº 264, editada pelo governador Ricardo Coutinho (PSB). A Medida Cautelar foi editada pelo conselheiro Marcos Antônio Costa. Ele se posicionou ao analisar a proposta de admissão, por meio de MP, de pessoal para compor a Guarda Militar Temporária (GMT). Os profissionais seriam usados para prestação de serviços de segurança pública. O texto da cautelar manda “suspender de imediato, sob pena de multa e outras cominações legais aplicáveis, qualquer ato administrativo que verse sobre admissão de pessoal, com base na Medida Provisória nº 264”.
A decisão será publicada no Diário Eletrônico do TCE e está sendo encaminhada nesta terça-feira (22), ao governador do Estado e ao procurador Geral, Gilberto Carneiro. O relator entendeu que a matéria apresenta “indícios suficientes de vícios”, conforme destaca o relatório da auditoria. “O procedimento no mundo jurídico acarretará graves prejuízos tanto jurídico quanto econômico à administração, em decorrência dos atos dela decorrentes, inclusive quanto à execução orçamentária no presente exercício”, observa o relator .
A Medida Provisória 264 autoriza a execução das atividades de segurança pública externa em estabelecimentos penais, socioeducativos e excepcionalmente, em atividades especiais ou extraordinárias de interesse público no âmbito exclusivo da Polícia Militar. Foi publicada no DOE, em 17 de agosto de 2017.
Alegações
Em suas alegações, o conselheiro Marcos Costa enfatiza também que a matéria tratada na MP não tem características de relevância e urgência a que se submetem os temas para serem tratados por medidas provisórias, além de deixar de ser promovido o debate prévio que requer matéria dessa natureza no âmbito do Poder Legislativo e da sociedade. “Quanto à relevância não se discute, mas é preciso atentar para o fato da evidente não urgência de que trata o dispositivo constitucional”, observou.
Outro aspecto apontado pela auditoria e que chama a atenção do relator é a existência de Lei Nacional que estabelece as normas gerais sobre segurança pública. Ele aponta a Lei 10.029/2000. “É necessária a obediência do ente estadual à premissa constitucional de que a superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário, no caso, a iniciativa de medida provisória (§ 4º, do art. 22, da CF/1988).
A cautelar deverá suspender os efeitos da Medida Provisória até o julgamento do mérito da espécie, conclui o relator em sua decisão, recomendando ao Governador do Estado a estrita obediência ao que determinam as constituições federal e estadual, acerca da admissão de pessoal no serviço público, em caráter permanente e provisórios, na edição de eventuais normas, cuja iniciativa do processo legislativo respectivo lhe caiba.
Resposta de Gilberto Carneiro
“Me preocupa o ativismo judicial de alguns setores do Judiciário e do Tribunal de Contas na Paraíba. Por um lado, alguns juízes atuando como gestor público, como foi o caso da decisão que impede a suspensão do racionamento da água em Campina Grande. Por outro lado, segmentos do TCE atuando como Corte Constitucional declarando inconstitucionalidades de leis, como foi o caso da cautelar da suspensão da lei que criou a guarda militar voluntária. Preocupante”, disse Carneiro.