Paraibanos casam menos e têm poucos filhos, revela pesquisa IBGE
Os paraibanos em relacionamentos heterossexuais estão casando menos e tendo menos filhos, segundo dados divulgados nesta terça-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na sua Estatística do Registro Civil 2016. A queda segue tendência nacional e revela que maior parte dos brasileiros tem hoje outras prioridades de vida.
Foram 16.778 casamentos em 2016, contra os 18.925 do ano anterior, redução de mais de 11% entre os dois anos. Desde 2004 não se via um volume tão baixo no número dos registros civis, menor dos últimos 11 anos.
Na avaliação do pesquisador e sociólogo Luiz Gonzaga Júnior, da Faculdade Internacional da Paraíba (FPB), os números refletem o perfil da atual geração, mais preocupada com realizações profissionais do que na oficialização do matrimônio.
“Décadas atrás o princípio da independência estava muito ligado ao casamento, as pessoas se casavam para sair da casa dos pais e conseguirem chegar à vida adulta. Hoje essa independência está ligada à formação acadêmica e a realização profissional, muito mais que ao matrimônio”, destaca o professor.
Além disto, muitos casais não dão tanta importância à formalização da união. É o caso de Leonardo Valverde, 32 anos, e Germana Cavalcanti, 32 anos. Eles começaram a namorar em 2003 e moram juntos desde 2012. De acordo com o arquiteto, colocando os prós e contras na balança o casal não conseguiu achar grande vantagem no registro civil.
“Até o momento não percebi qual seria a vantagem do registro. Já moramos juntos há cinco anos, ela é minha esposa, nossa relação já se configura em união estável, não vejo sentido na burocracia que seria o casamento civil. Nunca achei q precisasse de um documento para declarar que sou casado. Se precisarmos, por exemplo, financiar um imóvel, é mais fácil como estamos do que casados no civil, já que configuraria um vínculo”, disse Leonardo Valverde.
Menos nascidos
O paraibano também está tendo menos filhos. A Estatística do Registro Civil mostra que em 2016 foram 54.732 nascidos vivos em todo o Estado, volume menor que os anos de 2015 (58.454 nascimentos) e 2014 (57.305). É a primeira vez desde 2012 que a Paraíba tem queda no número de nascidos vivos.
De acordo com o sociólogo Luiz Gonzaga Junior, esses dados também demonstram mudança nos objetivos de vida dos brasileiros. “São vários os fatores. Os matrimônios acontecem mais tarde, as pessoas estão mais responsáveis, porque têm mais acesso a educação, está mais focada na capacitação e no trabalho do que da constituição de família”, disse.