Delator de caso Fifa diz que Rede Globo pagou propina por direito de transmissão
O empresário Alejando Buzarco, ex-homem forte de uma companhia de marketing argentina, disse, durante depoimento do caso que apura um escândalo de corrupção na Federação Internacional de Futebol (FIFA), que a TV Globo e outros grupos de mídia, pagaram propina em contratos de transmissão de campeonatos de futebol. A denúncia caiu como uma bomba no meio futebolístico e empresarial e repercutiu no mundo inteiro.
O empresário citou ainda o grupo Clarín, mas afirmou que este foi o único deles que não chegou a pagar propinas. Buzarco foi ouvido como uma das testemunhas da acusação no julgamento de José Maria Marin, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Marin é acusado de ter praticado extorsão, fraude financeira e lavagem de dinheiro em negociações de contratos com o órgão que controla o futebol mundial.
Durante o depoimento, o empresário detalhou uma suposta reunião que teria sido realizada em Buenos Aires há cinco anos, onde esteve com Marin. Segundo ele, na mesa também estariam Marco Polo Del Nero, atual presidente da CBF, Marcelo Campos Pinto, então executivo do Grupo Globo, que era responsável por negociar direitos esportivos, e Julio Humberto Grondona, o chefe do futebol argentino na época.
Ele disse que no Tomo Uno -um restaurante da capital argentina – teria ficado acordado que Marin e Del Nero passariam a receber juntos US$ 600 mil em propina a cada ano relativo aos contratos de transmissão da Copa Libertadores e da Copa Sul-Americana. Os valores teriam passado para US$ 900 mil por ano em 2013.
Segundo o delator, esses pagamentos antes eram destinados a Ricardo Teixeira, que acabava de deixar o comando da CBF. Marin e Del Nero, que Buzarco comparou a um par de “gêmeos siameses”, ainda teriam recebido mais US$ 2 milhões, que Teixeira tinha como ‘crédito’ de propina de outros negócios.
Procurado, o Grupo Globo, detentor da TV Globo, negou ter feito qualquer pagamento de propina a dirigentes esportivos. Em nota, o grupo afirma “veementemente” que “não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina”.