Gaeco investiga suposta participação de Estela Bezerra em “organização criminosa”
Decisão que autorizou nova etapa da operação Calvário cita envolvimento de deputada com “mentor de esquema”
A deputada estadual Estela Bezerra (PSB) aparece no rol dos suspeitos de participação em suposta organização criminosa investigada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público da Paraíba. De acordo com as investigações, ela teria relação com Daniel Gomes da Silva, o mandatário da Cruz Vermelha Brasileira (CVB), pivô do escândalo. Estela, inclusive, teria indicado pessoas para ocupar cargos de relevo na entidade que mantinha contratos milionários com o governo do Estado.
De acordo com as investigações, há indícios da vinculação da deputada com determinadas condutas criminosas, cujo envolvimento aguarda diligências em andamento e que estão protegidas por sigilo. “A investigação levada a efeito no PIC nº 01/2019, objetiva aferir, se, efetivamente, houve o desencadeamento de uma plêiade de condutas complexas, perpetradas por uma Organização Criminosa que teria se instalado no governo do Estado da Paraíba, inserindo-se, portanto, esta busca, no contexto da investigação relacionada à ORCRIM, a qual possui vínculos com pessoas com prerrogativa de função”, observou o desembargador Ricardo Vital de Almeida, em decisão.
Vital afirmou que a análise do vasto material apreendido nas investigações permitiu observar que a criação da filial da Cruz Vermelha na Paraíba, além de teoricamente ensejar uma redução do custo da estrutura administrativa montada no Rio Grande do Sul, permitiria que Daniel Gomes atuasse com duas filiais em supostos esquemas criminosos, inclusive viabilizando a sua manutenção no mercado das organizações sociais, caso uma das filiais viesse a ser julgada inidônea.
“Nesse ponto, questiona-se o motivo pelo qual Daniel Gomes optou por colocar Mayara de Fátima Martins de Souza como presidente da CVB/PB, inclusive quando ela encontrava-se lotada como chefe de gabinete de Estelizabel Bezerra de Souza”, destacou. Segundo o desembargador, é possível que Daniel Gomes tenha permitido que a deputada Estelizabel tenha feito indicações semelhantes à que fez por Mayara Martins, no âmbito do IPCEP, sendo necessário o aprofundamento das investigações.
“Diante desse cenário, malgrado Estelizabel Bezerra não figurar dentre os legitimados passivos nesta cautelar, em razão da possibilidade de ser produzida prova contra ela, a competência permanece inalterada no âmbito desta Corte”, explicou Ricardo Vital.
Daniel Gomes, de acordo com as investigações, estava implantando a venda de bilhetes premiados (Bilhete da Sorte), patrocinado pela Lotep, pertencente ao governo do Estado. As apurações apontaram também que o governo do Estado forneceu imóvel para funcionar como sede da Cruz Vermelha Brasileira. O benefício teria sido conseguido com o apoio da parlamentar.