Paraíba tem alta de 18,5% no número de assassinatos nos primeiro nove meses do ano

É o que mostra o índice nacional de homicídios criado pelo G1

A Paraíba teve uma alta de 18,5% nos assassinatos nos primeiro nove meses deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. É o que mostra o índice nacional de homicídios criado pelo G1, com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal. No país, a alta foi de 4% no período.

No período, foram registradas 834 mortes violentas, contra 704 no mesmo período do ano passado. Ou seja, 130 mortes a mais.

O aumento de mortes acontece mesmo durante a pandemia do novo coronavírus, que fez com que o estado e municípios adotassem diversas medidas de isolamento social em grande parte do ano. Ou seja, houve alta na violência mesmo com menos pessoas nas ruas.

Mortes mês a mês
Veja a comparação no número de CVLIs em toda a Paraíba

Fonte: SEDS

Além disso, a alta de mortes neste ano interrompe uma tendência de queda no estado nos últimos anos. Tanto 2018 quanto 2019 tiveram recorde de baixas nos assassinatos. No ano passado, por exemplo, a queda chegou a 22%, e o número total de vítimas foi o menor desde 2011.

Os dados apontam que:

  • houve 130 mortes a mais nos primeiros nove meses de 2020 na Paraíba
  • 16 estados apresentaram alta de assassinatos no período
  • 4 estados tiveram altas superiores a 15%: Espírito Santo, Paraíba, Maranhão e Ceará
  • região Nordeste foi a responsável pela alta no país: 19% de aumento
  • nas outras regiões, o número de mortes caiu
País teve alta no número de assassinatos nos primeiros nove meses do ano — Foto: Fernanda Garrafiel/G1
País teve alta no número de assassinatos nos primeiros nove meses do ano — Foto: Fernanda Garrafiel/G1

Análise de especialistas

O levantamento faz parte do Monitor da Violência, uma parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Para Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o fato de mais da metade das UFs (15) em todas as regiões do país apresentarem crescimento dos homicídios nos nove primeiros meses do ano mostra que a violência não está restrita a um determinado território, o que causa preocupação. “O caso mais grave e que sozinho já resultaria no crescimento dos homicídios no país é o do Ceará, que agravou-se em função da greve das polícias no início do ano, mas não explica integralmente o fenômeno.”

“Estados que vinham de muitos anos de redução dos homicídios, com políticas bem estruturadas para tal, indicam crescimento, como Espírito Santo, Paraíba e São Paulo, o que pode decorrer de descontinuidade de políticas anteriormente adotadas e mesmo da adoção de outras estratégias que não se mostraram eficientes”, afirma.

Samira ressalta que 2019 foi o primeiro ano de gestão dos governadores eleitos em 2018, que herdaram um quadro relativamente confortável de redução dos homicídios que não foram capazes de sustentar. “O cenário exige esforços ainda maiores por parte dos governos estaduais no sentido de focalizar sua atuação nos territórios com maiores níveis de violência, fortalecendo investigações para prisões de homicidas contumazes, investindo na repressão qualificada por parte da PM e em políticas de prevenção.”

“Igualmente importante é entender qual a proposta do Ministério da Justiça para a área. Existe um plano nacional de segurança pública que foi aprovado em 2018 e que nunca foi implementado. Ninguém sabe qual a estratégia do governo federal para reduzir homicídios e as poucas ações que são citadas dizem respeito a flexibilização de armas de fogo, o que deve na verdade impactar no aumento dos níveis de violência letal.”

Bruno Paes Manso, do NEV-USP, concorda e afirma que os governos estaduais perderam o controle das instituições. “Ceará e Espírito Santo, dois estados que lideram o crescimento das taxas de homicídios no Brasil, possuem uma semelhança. Ambos testemunharam motins em suas polícias. A politização das polícias enfraqueceu o comando dos governadores, que perderam o controle das instituições”, afirma.

“Essa perda de controle acaba abrindo espaço para o crescimento da violência policial e para a desestruturação das políticas de segurança, fenômeno mais visível no Ceará, onde tem faltado habilidade ao governo do estado para manter suas polícias na linha. A fragilização dessas instituições acaba abrindo espaço para o conflito entre os grupos armados, que disputam poder e lucro nos territórios”, diz Paes Manso.

Como o levantamento é feito

A ferramenta criada pelo G1 permite o acompanhamento dos dados de vítimas de crimes violentos mês a mês no país. Estão contabilizadas as vítimas de homicídios dolosos (incluindo os feminicídios), latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. Juntos, estes casos compõem os chamados crimes violentos letais e intencionais.

Jornalistas do G1 espalhados pelo país solicitam os dados, via assessoria de imprensa e via Lei de Acesso à Informação, seguindo o padrão metodológico utilizado pelo fórum no Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

O governo federal anunciou a criação de um sistema similar ainda na gestão do ex-ministro Sérgio Moro, em março do ano passado. Os dados, no entanto, não estão atualizados como os da ferramenta do G1.

Os dados coletados mês a mês pelo G1 não incluem as mortes em decorrência de intervenção policial. Isso porque há uma dificuldade maior em obter esses dados em tempo real e de forma sistemática com os governos estaduais.

Da redação/ Com G1 Paraíba

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Notícias do Vale PB

Luiz Neto. Natural da cidade de Mamanguape, ingressou na área da comunicação, como assessor de imprensa, com atuação na administração pública. Em 2016 assumiu o cargo de Diretor de Edição do Portal Notícias do Vale PB. Correspondente político de diversos portais. Em 2017 passou a compor o quadro de Radialistas da região do Vale do Mamanguape, se tornando analista político e atualmente é Âncora de dois Programas radiofônicos, ‘Diário de Notícias’ (Rádio Litoral Norte FM) e 'Capim Sem Censura' (Rádio Capim FM).

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