Variante delta: confira o que se sabe sobre a mutação
Mas, o que se sabe mais sobre essa variante que está presente em mais de 100 países?
A variante Delta, que nesta terça-feira (31) teve a confirmação da primeira morte na Paraíba e o registro de 25 casos, é uma das chamadas “variantes preocupantes” classificadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) por terem a possibilidade de reinfecção em quem já teve a doença.
Mas, o que se sabe mais sobre essa variante que está presente em mais de 100 países? Qual a eficácia dos imunizantes e quais são os principais sintomas? Confira as principais dúvidas:
Origem – A OMS passou a utilizar o alfabeto grego para nomear as respectivas mutações. A alfa foi identificada no Reino Unido; a beta, na África do Sul; a gama, no Brasil; e a delta, na Índia.
Onde e quando a variante delta surgiu pela primeira vez?
Ela foi identificada pela primeira vez na Índia em outubro de 2020, no estado de Maharashtra
A variante delta está presente em quantos países?
Segundo a OMS, ela está presente em mais de 130 países, incluindo Estados Unidos, China, Reino Unido e Brasil, entre outros. No entanto, esse número deve ser maior dada a ausência de uma vigilância epidemiológica genômica, incluindo o sequenciamento genético do vírus, que deveria ir além da detecção do vírus para caracterizar as variantes circulantes.
Em quais regiões do Brasil a variante delta foi registrada?
Além da Paraíba, o Brasil tem casos detectados até no Maranhão, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Goiás, São Paulo e Pernambuco. Provavelmente ela já circula em outros estados além dos mencionados.
Quais os principais sintomas da variante delta da covid-19?
Os principais sinais e sintomas são febre, dor de cabeça, coriza e dor de garganta. Com a variante delta, os casos têm menor ocorrência de tosse e perda de paladar e olfato.
Esse quadro pode ser confundido com um resfriado comum, o que acaba levando muitas pessoas a não procurar atendimento e à possibilidade de contaminar outras sem saber que estão com covid. É importante fazer os testes de detecção para estabelecer o diagnóstico correto.
Quais são as maiores preocupações em relação à variante delta?
Segundo alguns estudos preliminares, a variante delta pode ser de 50% a 100% mais transmissível do que as demais cepas do Sars-Cov-2.
A preocupação é que ela faça voltar a alta incidência de casos e force uma nova onda da crise sanitária, aumentando, inclusive, o número de internações. Além disso, preocupa o risco de a variante delta se tornar dominante no Brasil. Ela já é considerada predominante em alguns países, como Índia, Reino Unido, Israel, México, Bélgica e Estados Unidos.
Por que a variante delta é mais transmissível?
Um estudo apresentado pela OMS e pelo Imperial College, de Londres, mostrou que a variante delta é mais transmissível que as demais por possuir mutações na região do genoma responsável pela produção da proteína S (ou spike), localizada na superfície da membrana do Sars-CoV-2. Este é o local de aderência do vírus à célula humana.
Dessa forma, as mutações aumentam a capacidade viral de infectar células com adesão aos receptores celulares humanos, gerando maior transmissão e maior facilidade de escapar do sistema imune.
A variante delta provoca casos mais graves ou mais mortes?
Os cientistas ainda estudam essa possibilidade. Um estudo inicial do CDC (Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos) já indicou que a variante delta tende a causar casos mais graves entre não-vacinados, se comparada a outras variantes e à cepa original.
Um estudo publicado no Reino Unido em julho apontou que a eficácia das vacinas de Pfizer e AstraZeneca com apenas uma dose cai sensivelmente para a variante Delta, ficando próximo aos 30%. Já com as duas doses a eficácia se assemelha à vista nos estudos com a cepa original.
Já o CDC apontou que os vacinados podem espalhar a variante delta quase na mesma proporção que os não-vacinados por terem níveis altos de cargo viral. A diferença é que os casos entre vacinados são leves em comparação com quem não tomou vacina.
A variante delta pode aumentar o risco de reinfecções da covid-19?
Um estudo da Fiocruz de 2021 sugere que há maior risco de reinfecção pela variante delta, com maior ocorrência em indivíduos infectados pela variante gama e beta. Já o CDC apontou que esse risco aumenta se a infecção foi há mais de 180 dias.
É importante ressaltar que o contexto de vacinação incompleta —só uma dose, demora na vacinação e baixa cobertura vacinal— também favorece o risco de reinfecções.
Como se proteger da variante delta?
Os cuidados são os mesmos em relação às demais variantes do Sars-Cov-2. Usar máscara, lavar as mãos, passar álcool em gel, manter o distanciamento social e tomar a vacina de acordo com calendário, sem escolher fabricante.
Fontes Helena Brígido, médica infectologista, membro da Diretoria da Sociedade Paraense de Infectologia e docente da UFPA (Universidade Federal do Pará); Renato Grinbaum, médico infectologista, consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia); e Ricardo Kuchenbecker, professor de epidemiologia da Faculdade de Medicina da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).