CPI: Depoimento do empresário Luciano Hang é marcado por polêmicas
Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan e apoiador do governo Bolsonaro, é acusado de pertencer ao chamado “gabinete paralelo”
O depoimento do empresário Luciano Hang foi marcado, até agora, por polêmica e troca de acusações entre o depoente e senadores. Diversas interrupções, de senadores favoráveis e contrários ao governo, marcaram a oitiva, desde a intervenção inicial do depoente às primeiras perguntas do relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan e apoiador do governo Bolsonaro, é acusado de pertencer ao chamado “gabinete paralelo”, grupo que atuou informalmente junto ao Ministério da Saúde nas decisões relacionadas ao combate à pandemia. Esse grupo é acusado de contribuir para a disseminação de fake news sobre a doença, de promover tratamentos sem comprovação científica e defender a “imunidade de rebanho” em detrimento do distanciamento social e da vacinação em massa.
Início do depoimento
Em sua fala inicial na CPI da Pandemia, no Senado Federal, o empresário Luciano Hang disse que não é “negacionista” e que sempre defendeu a vacinação contra a Covid-19. O empresário presta esclarecimentos sobre ter ou não financiando um esquema de fake news durante a pandemia.
“Não sou negacionista. Nunca neguei ou duvidei da doença. Tanto que minhas ações não ficaram nó no discurso. Mandei 200 cilindros de oxigênio para Manaus, no valor de R$ 1 milhão. Respiradores, máscaras, camas, utensílios. Não sou nem nunca fui contra vacina. Tanto que disponibilizei todos os nossos estacionamentos como pontos de vacinação. Além disso, juntamente com outros empresários, fizemos campanha para que a iniciativa privada pudesse comprar [vacinas] para doar e ajudar o país a acelerar o processo de imunização”, afirmou.
Hang disse ainda que é “acusado sem provas e perseguido” por expressar opiniões. O empresário afirmou que não conhece e não faz parte de um “gabinete paralelo” e negou ter financiado esquemas de fake news. Ele afirmou ter doado 200 cilindros de oxigênio e outros insumos para pacientes no estado do Amazonas e defendido a compra de imunizantes pela iniciativa privada.
Antes de iniciar o depoimento, o advogado do empresário Luciano Hang, Beno Brandão, informou que o cliente não assinaria o termo com o compromisso de dizer a verdade perante a CPI. Ele argumentou que Hang se encontra na condição de investigado e que o termo seria destinado à testemunha. Randolfe Rodrigues (Rede-AP) reiterou que a defesa do empresário tinha razão e o termo não foi assinado pelo depoente.
O empresário destacou que não pediu habeas corpus do Supremo Tribunal Federal, estando de coração aberto para esclarecer qualquer questão. Hang ressaltou não ter feito nada de errado e disse que a comissão não tem prova alguma contra ele.
A declaração de Luciano Hang de que doeu ver a morte da mãe sendo usada politicamente provocou reação imediata do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM). Omar disse que a comissão agiu o tempo todo com respeito e que ele próprio também perdeu um irmão dez anos mais novo para a Covid-19. Segundo o senador, quem usou o assunto politicamente foi o próprio Hang, ao gravar e publicar um vídeo nas redes sociais dizendo que a mãe poderia ter sido salva, se tivesse sido submetida a tratamento precoce.
Em questão de ordem, Fabiano Contarato (Rede-ES) criticou a exibição, durante a apresentação inicial do depoente, de um vídeo que, segundo o senador, seria propaganda institucional da rede comercial pertencente a Luciano Hang. Ele pediu que o conteúdo seja retirado dos registros dos canais de comunicação do Senado Federal. O senador Omar Aziz classificou a exibição como “lapso da presidência” e disse que não quis interromper a exibição para não tumultuar o início do depoimento.
MaisPB com informações da Agência Senado