Bolsonaro comprou pescoço de galinha para indígenas por R$ 260, diz Estadão
De acordo com notas fiscais obtidas pelo diário, o produto adquirido foi o pescoço de galinha, cujo preço foi 24 vezes maior do que o valor médio em outros contratos do governo.
Um levantamento do jornal Estadão revelou nesta terça-feira(16) que, entre 2020 e 2022, o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria comprado carnes superfaturadas para indígenas da Amazônia, sem realizar licitação. De acordo com notas fiscais obtidas pelo diário, o produto adquirido foi o pescoço de galinha, cujo preço foi 24 vezes maior do que o valor médio em outros contratos do governo.
Ainda segundo o levantamento do Estadão, por meio da Funai, o governo federal teria adquirido o produto por R$ 260 o quilo, enquanto o preço médio era de R$ 10,7 em outros contratos. Além do pescoço de galinha, a coordenação regional da Funai também comprou diversas outras carnes, como charque, maminha, coxão duro e alcatra, que nunca foram distribuídas às famílias indígenas durante a pandemia da Covid-19. Enquanto isso, nas aldeias, indígenas em situação de vulnerabilidade enfrentavam fome e desnutrição.
O escândalo de corrupção envolvendo o governo Bolsonaro e a compra de carnes superfaturadas para indígenas na Amazônia se estende a outras regiões. O Estadão revelou que houve aquisição de 19 toneladas de bisteca não entregues no Vale do Javari e gasto de R$ 4,4 milhões com sardinha e linguiça aos indígenas yanomamis, mesmo com alertas sobre a inadequação desses alimentos.
Outro dado da apuração do Estadão que chama atenção é que a empresa responsável pela venda do lote à Funai é de propriedade de um dos filhos do prefeito de Humaitá (AM), Herivaneo Vieira de Oliveira, do PL, partido de Bolsonaro. Ao Estadão, ele negou veementemente a venda de carne de pescoço, classificando-a como “ruim demais”.