Obras de luxo, trabalho degradante: operação resgata 33 trabalhadores em condições análogas à escravidão na orla de Cabedelo

A fiscalização alcançou três construtoras com canteiros localizados nas praias de Formosa e Camboinha

Uma operação coordenada por órgãos federais resgatou 33 trabalhadores submetidos a condições degradantes em obras de construção civil de alto padrão na orla de Cabedelo, na Grande João Pessoa. A ação foi realizada entre os dias 21 e 28 de maio pelo Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) do Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Federal (MPF)e Polícia Federal.

A fiscalização alcançou três construtoras com canteiros localizados nas praias de Formosa e Camboinha, onde os operários – a maioria oriundos de cidades paraibanas como Mari e Gurinhém – viviam e trabalhavam em estruturas precárias e insalubres. Com o resgate, o total de trabalhadores libertos em 2025 na Paraíba chegou a 104, número 96% superior ao registrado em todo o ano de 2024.

Dormindo em meio à umidade e mosquitos

De acordo com a procuradora do Trabalho, Dalliana Vilar Pereira, os alojamentos improvisados funcionavam dentro das próprias obras, sem ventilação, com infiltrações, superlotação, banheiros improvisados e sem portas, além da presença de mosquitos e riscos constantes à saúde.

— Os trabalhadores estavam em situação absolutamente degradante, sem qualquer estrutura mínima para garantir dignidade ou segurança, o que caracteriza o trabalho análogo ao escravo — afirmou a procuradora.

Alimentação precária e higiene inexistente

As condições de alimentação e higiene também chocaram os fiscais. Segundo a auditora do Trabalho Gislene Stacholski, os trabalhadores recebiam porções insuficientes de comida, como apenas uma pequena coxa de frango no almoço. O café da manhã era cuscuz com ovo, e o jantar, só cuscuz. As cozinhas eram rústicas, sujas e também sofriam com infiltrações.

— Havia um amontoado de pessoas nos alojamentos, sem espaço entre as camas, sem armários, tudo úmido, insalubre. A estrutura era decadente — descreveu a auditora.

Obras embargadas por risco iminente

Diante das condições de risco, as obras foram imediatamente embargadas. Os fiscais constataram ausência de segurança em trabalhos em altura, fossos de elevadores abertos e escadas improvisadas, aumentando a possibilidade de acidentes graves ou fatais.

Reincidência e descaso

A procuradora Marcela Asfóra, coordenadora regional da Conaete/MPT, destacou a gravidade da reincidência desses casos na construção civil paraibana.

— Mesmo após audiências públicas e ampla divulgação dos resgates anteriores, continuamos encontrando situações de exploração. Isso demonstra descaso e persistência criminosa por parte de alguns construtores — afirmou.

Empresas firmam acordos e terão que indenizar

As três construtoras envolvidas firmaram termos de ajuste de conduta (TACs) com o MPT. Foram pagos cerca de R$ 200 mil em verbas rescisórias, e o mesmo valor deverá ser repassado em indenizações por dano moral individual. Além disso, as empresas terão que pagar R$ 300 mil por dano moral coletivo.

Avanço preocupante

Em 2025, a Paraíba já soma 104 trabalhadores resgatados em condições análogas à escravidão:

  • Fevereiro: 59 em João Pessoa e Cabedelo (construção civil);

  • Março: 12 em Caiçara (pedreira) e Serra Branca (calçamento);

  • Maio: 33 em Cabedelo (construção civil).

Como denunciar

Casos de trabalho escravo podem ser denunciados por meio dos seguintes canais:

Notícias do Vale PB

Luiz Neto. Natural da cidade de Mamanguape, ingressou na área da comunicação, como assessor de imprensa, com atuação na administração pública. Em 2016 assumiu o cargo de Diretor de Edição do Portal Notícias do Vale PB. Correspondente político de diversos portais. Em 2017 passou a compor o quadro de Radialistas da região do Vale do Mamanguape, se tornando analista político e atualmente é Âncora de dois Programas radiofônicos, ‘Diário de Notícias’ (Rádio Litoral Norte FM) e 'Capim Sem Censura' (Rádio Capim FM).

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