Paraíba, nem o lulismo nem o bolsonarismo funcionaram na eleição para governador
É verdade que, em alguns momentos, João e Pedro até tentaram, mas não encontraram espaço para o casamento de suas candidaturas com os candidatos a presidente.
Na Paraíba, diferentemente do que ocorreu em outros Estados, nem o lulismo nem o bolsonarismo funcionaram para a definição do resultado das urnas no primeiro turno.
Os candidatos classificados para o segundo turno – o governador João Azevedo, com 39,65% (863.174) dos votos e o deputado Pedro Cunha Lima com 23,90% (520.155) – fizeram campanhas contando com suas próprias forças e discursos fundamentados mais na realidade do Estado.
Os dois candidatos com campanhas totalmente nacionalizadas, ou seja, vinculadas ao presidente Jair Bolsonaro – Nilvan Ferreira, que obteve 18,68% (406.604) dos votos – e ao ex-presidente Lula – Veneziano Vital do Rego, que ficou com 17,16% (373.511) votos – acabaram não logrando êxito. Talvez tenham aparecido mais distante da realidade local.
É verdade que, em alguns momentos, João e Pedro até tentaram, mas não encontraram espaço para o casamento de suas candidaturas com os candidatos a presidente. O primeiro teve a hostilidade do PT (local e nacional) e segundo ficou sem opção de destaque. Acabou, no final da campanha, talvez por questão logística, se aproximando de Simone Tebet, que era a candidato do PSDB nacional, e do PDT de Ciro Gomes, uma aliança visando aumentar o tempo da propaganda na televisão. Mas o que funcionou foram mesmo as articulações locais.
O governador João Azevedo contou a seu favor com a força do poder estadual, que exerce desde 2019. Trata-se de um elemento que geralmente funciona nas campanhas eleitorais na Paraíba. Apenas o governador Tarcísio Burity, no governo, em 1990, não conseguiu colocar seu candidato (João Agripino) no segundo turno das eleições.
Além disso, João se mostra muito equilibrado nas disputas políticas, o que pode ter atraído uma base eleitoral cansada de brigas entre grupos de poder no Estado. Existe um conjunto de ações, especialmente obras de abastecimento e programas sociais de segurança alimentar, que podem ter funcionado como elementos que projetaram a necessidade de continuidade para quase 40% dos eleitores.
O deputado Cunha Lima, apesar de se esforçar para aparecer como o novo, o que parece ter garantido sua vaga no segundo das eleições na Paraíba foi a força da estrutura política da família (Cunha Lima), que disputa o poder central na Paraíba há 32 anos, desde 1990, quando Ronaldo Cunha Lima foi eleito governador.
Daí pra cá, Ronaldo foi eleito senador, Cássio Cunha Lima foi eleito governador e senador e disputou outras eleições sem êxito. Mas os Cunha Lima estão sempre ali, disputando cargos majoritários.
Com isso, mantém a força aglutinadora de lideranças em todo o Estado, numa capilaridade que os outros candidatos de oposição não tiveram. Mantém ainda um grande reduto eleitoral, que é Campina Grande, e que serve de plataforma para todos os voos de candidaturas do grupo.
O resultado nas eleições na Paraíba, neste primeiro turno, mostra que não existe muito mistério para o eleitor. Ele decide sempre por aquelas propostas que mais compreende, alcança e acredita que pode funcionar em sua vida. Por Josival Pereira.